sábado, 1 de novembro de 2008

VENTRES DE RENDA | GRUTAS DE STO ANTÓNIO


Das cerca de 1500 grutas existentes em todo o Parque das Serras de Aire e Candeeiros, três delas são ainda muito procuradas: Grutas de Mira de Aire, em Mira de Aire, Grutas de Sto. António e Grutas de Alvados, ambas em Alvados. As Grutas de Santo António foram descobertas em Junho de 1955 por dois homens que trabalhavam na Pedra do Altar, em Alvados. Na tentativa de apanhar um pássaro, entraram por uma fenda aberta num rochedo onde o pássaro se estava a refugiar descobrindo estas grutas de estalagmites e estalactites divididas por várias salas. Esta é considerada a maior sala da Europa, somando o maior número de estalactites e de estalagmites num único espaço. As Grutas de Santo António são também consideradas de todas as mais bonitas e aquelas que, sendo mais facilmente visitáveis, se encontarm mais próximas dos valores íntimos que a natureza nos pode oferecer.
A auto estrada roubou-lhe gente, criando um novo caminho para Fátima, que pena! Mas as mais lindas drutas de Portugal, ou talvez mesmo do Mundo, merecem que se lhes ouça o silêncio, tão íntimo, tão cadenciado, num ping-ping acolhedor. Ao ritmo das estagmites e das estalagtites é bom de ver a mão escultórica do tempo, recortes de sonhos, de paisagens, marcas de muitas memórias num hino à vida.

VENTRES DE RENDA | GRUTAS DE MIRA D'AIRE

Descobertas em 1947, foram as primeiras a ser descobertas na actual área do Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros, situadas bem no coração do maciço calcário estremenho. A formação destas grutas estima-se há mais de 150 milhões de anos, por altura da idade média jurássica, no tempo dos dinossauros bem registados alei perto. As grutas de Alvados possuem um sistema de iluminação e som próprios, oferecendo ao visitante uma viagem por um muno fantástico de onde é bom realçar: a Sala Grande, a Joalharia, a Cúpula Majestosa, a Galeria, o Rio Negro e o Grande Lago. Nestes espaços nascem formações calcárias que desafiam a imaginação dos visitantes, com nomes também sugestivos: a Alforreca, os Pequenos Lagos, o Marciano, a Boca do Inferno e o Orgão…
Por lá ja passaram festivais de tunas académicas, de coros e de poesia, todos brilhantes. Que bom um santuário de vinhos por lá. É mesmo de visitar este ventre que a natureza tão bem rendilhou em vários milhões de anos.

VENTRES DE RENDA | GRUTAS DE ALVADOS

As grutas de Alvados foram descobertas em 1964 por um grupo de trabalhadores de pedreiras Serra dos Candeeiros ao ouvirem o cair das pedras num algar que lhes pareceu, desde logo, ser profundo. Concretizaram a primeira descida às grutas, equipados com cordas e lanternas. Espantou o que encontraram e conseguiram em pouco tempo acompanhar a abertura dos tuneis que ainda hoje permitem a visita. Esta gruta é composta por uma sucessão de salas de estalagmites e estalactites, ligadas entre si. Foram realizados esquemas de iluminação apropriados e os seus lagos e gigantescas colunas fazem das grutas de Alvados uma das mais belas obras da natureza. Um mimo absoluto no seu caminho de encantos. Vale a pena lá passar naquele altar com história.

VENTRES DE RENDA | O NASCIMENTO

A gruta, do latim vulgar grupta, designação de crypta, é toda a cavidade natural rochosa com dimensões consideráveis. Muitas vezes utiliza-se a raiz espeleo, do grego spelaios, que significa caverna. Estas podem ter desenvolvimento horizontal ou vertical em forma de galerias e salões. As nossas nascem em terrenos formados por rochas sedimentares. Surgem de uma série de processos geológicos, que podem envolver uma combinação de transformações químicas, tecnónicas, biológicas e atmosféricas. Nas grutas cársicas, onde se inserem as do maciço calvário das Serras de Aire e Candeeiros, o processo mais frequente de formação é a dissolução da rocha pelo efeito das infiltrações e escorrências da água da chuva, num processo também chamado de carsificação. Este processo ocorre num tipo de paisagem chamado carso, ou sistema cársico, terrenos constituídos predominantemente por rochas solúveis, principalmente as carbonáticas, onde domina o calcário. Estas regiões cársicas mostram relevo acidentado e alta permeabilidade do solo, que permite o escoamento rápido da água. Além de grutas, o carso possui diversas outras formações produzidas pela dissolução ou erosão química das rochas, tais como dolinas, furnas, cones cársicos, vales cegos e os famosíssimos lapiás.

A rocha calcária possui diversas fendas e fracturas por onde as águas superficiais escorrem em direcção ao lençol freático. No nosso caso, o processo de carsificação ou dissolução química é resultado da combinação da água da chuva com o dióxido de carbono (CO2) proveniente da atmosfera. O resultado é uma solução de ácido carbónico (H2CO3), ou água ácida, que corrói e dissolve os minerais das rochas. O escoamento da água ácida ocorre preferencialmente pelas fendas e planos de estratificação. Os minerais removidos combinam-se ao ácido presente na água e são arrastados para rios subterrâneos ou para camadas geológicas mais baixas, onde se podem sedimentar novamente.

A água corrói e carrega os sais removidos da rocha, formando galerias ao longo de fracturas e camadas de estratificação. Então os espeleotemas começam a formar-se nas galerias e salas.
A carsificação nessas galerias passa a ser construtiva, ou seja, a sedimentação dos minerais dissolvidos na água passa a construir formações no interior da caverna. Quando a água atinge as galerias secas através de fendas ou pela porosidade difusa das rochas, exsudação, o gás carbónico é libertado para a atmosfera e a calcite ou outros minerais dissolvidos precipitam-se, criando formações de grande beleza, conhecidas por estagtites e estalagmites.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

NAS VELAS DO VENTO | OS NOSSOS MIMOS

MOINHOS A VISITAR:
Alqueidão da Serra + Alvados + Chão das Pias + Pedreiras + Portela Vale Espinho + S. Bento + S. Miguel + Serra dos Candeeiros + Serro Ventoso

NAS VELAS DO VENTO | A SABEDORIA DO TEMPO


Um dia de trabalho no moinho começa pela preparação do cereal seguindo-se vários passos tais como: soltar as velas abrindo o pano em função da intensidade do vento, aliviar a mó, orientar o moinho para o vento com a rotação do sarilho, encher de cereal o tegão que, através da rotação faz vibrar o cadelo, que por sua vez leva os grãos a deslizar do tegão para a mó. Esta faz o seu esmagamento entre as ranhuras das mós, obrigando a farinha a sair por um único espaço, a tal dedicado.

Sobre a mó que gira, a andadeira, situa-se uma caixa de dimensões médias, com o fundo em forma de tronco de pirâmide invertida e aberta, a moega ou tegão, onde se deita o grão que vai ser moído. O grão corre da moega até ao olho da andadeira, por onde cai de uma calha de madeira inclinada, a quelha. O regulador da quelha gradua a inclinação desta. O chamadouro do grão, apoiado sobre a mó, faz vibrar a quelha, provocando e assegurando a saída e a queda contínua do grão no olho da mó, como se pode ver na fotografia acima do Moinho de S. Miguel.

As duas mós, andadeira e poiso, são rodeadas por taipais de ripas, os cambeiros, abertos à frente, por onde vai saindo a farinha que cai para um espaço do sobrado, o tremonhado, protegido lateralmente por aproteções de madeira e à frente por um pano, o panal. A mó andadeira é accionada pela rotação do veio de ferro ligado e preso a ela por meio de uma peça achatada e forte, também de ferro, a segurelha, que encaixa num rasgo cavado à sua feição no centro da face inferior da mó e que segue para baixo, passando pelo olho do poiso através de uma bucha de madeira. O veio da mó, que tem na parte inferior o carreto, termina também numa rela, chumaceira metálica com óleo para lubrificar e arrefecer, cravada numa trave móvel de madeira, o urreiro, apoiada num cachorro de um lado e do outro numa haste de ferro, o aliviadouro, que sobe ao sobrado, ao lado das mós. Regulando o aliviadouro, por meio de um parafuso ele sobe ou desce e com ele o urreiro, a rela e o veio da mó, gradua a distância entre as duas mós e a maior ou menor finura da farinação. O paralelismo das duas mós, indispensável ao seu bom funcionamento, obtém-se essencialmente por calços que se colocam entre a segurelha e o cavado da mó em que ela encaixa.

Para voltar ao vento o mastro e o velame estes moinhos dispõem de um sarilho cujo eixo é accionado por quatro braços em cruz. A corda, amarrada por uma das extremidades a um destes braços com a gassa, enrola ao eixo do sarilho e passa por duas corretãs com gancho, os moitões, uma das quais, munida de um dispositivo onde se fixa a outra extremidade da corda, prende a um dos arganéis da parede, enquanto que a outra se prende num dos arganéis do fechal de madeira. Dando ao sarilho, a corda encurta ao enrolar no eixo, deixando o capelo e velas na posição conveniente.

NAS VELAS DO VENTO | VENTOS DE MUDANÇA

Outra coisa que dificultava o aproveitamento do vento era a constante variação da sua força. Os moinhos mais antigos, que tinham velas similares às de um barco, não eram facilmente adaptáveis às velocidades variadas dos ventos. Se os freios fossem accionados, o calor resultante da fricção poderia incendiá-los e as fortes rajadas de vento podiam fazer com que as velas batessem umas nas outras ou no próprio moinho, causando danos incalculáveis.

Com telhados giratórios e velas ajustáveis, pelo enrolamento à volta do mastro, diminuindo a exposição ao vento, os moinhos atingiram o apogeu em fins do século 19, quando em toda a Europa milhões de toneladas de farinha e até mais de 1.500 megawatts de energia. Foi então, que estes ventos de mudança, trouxeram a revolução tecnológica, como a eletricidade, as turbinas a vapor e o motor de combustão interna. Os moinhos não puderam, então, competir com a eficiência e a mobilidade das novas máquinas, parecendo que o vento se desviou das suas velas para sempre.

NAS VELAS DO VENTO | MOLDADOS À VIDA

Os moinhos antigos, das ditas pás giratórias ao redor de um eixo vertical, não eram muito eficientes. Eficácia que veio a dar um salto em frente quando se descobriu que era possível produzir mais energia quando as velas ou pás ficavam presas a uma haste horizontal, projectada da torre. Para girar a mó abaixo, a rotação da haste horizontal era transmitida para a haste vertical por uma série de engrenagens, em tudo semelhente a um diferencial. Essa modificação permitiu que a força do vento fosse bem melhor aproveitada nos moinhos. Os novos moinhos tinham então energia suficiente para accionar maquinas pesadas, como por exemplo engenhos de serrar, tendo havido um exemplo notável destes no Parque do Engenho, na Marinha Grande, obra do Marquês de Pombal.

No entanto, independentemente da tarefa, os moinhos de vento precisavam de um suprimento constante de energia. E o vento, como sabemos, muda constantemente de direcção.
Nasceu então a necessidade de alinhar as velas do moinho com o melhor vento. Uma primeira solução foi a invenção de um moinho giratório. Esse moinho era apoiado num poste, permitindo que toda a sua estrutura, com as velas principais, girasse para receber a força directa do vento. Visto que esses moinhos giratórios tinham limitações intrínsecas referentes ao tamanho, outros projetistas decidiram manter a torre fixa e fazer girar apenas o telhado. Nesses moinhos, o eixo principal saía do telhado, permitindo queeste e as velas ficassem sempre contra o vento e ajustável à sua direcção, com o moleiro a mover todo o telhado, eixo, velas e o sistema de freios, com uma alavanca, que podia ser empurrada ou puxada por força humana ou animal.

Outros moinhos de vento tinham uma pequena hélice ou uma cauda em forma de leque, atrás das velas principais. Essa hélice, perpendicular ao plano das velas, empurrada pelo vento, qual cata-vento, servia-se de engenhosas engrenagens para posicionar as as velas na direcção correcta. Movimento sempre repetido quando mudava o vento.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

NAS VELAS DO VENTO | A LUTA PELO PÃO

Embora ainda existam moinhos de vento nas zonas rurais, quase todos parecem nostalgias do passado. No entanto, durante séculos e séculos os moinhos de vento estiveram na vanguarda da tecnologia. Recentemente, após décadas de esquecimento, mereceram alguma atenção. Vamos viajar pela a história de como o moinho de vento tem se adaptado às constantes mudanças dos ventos dos tempos e das suas ecessidades.
Tudo viveu da necessidade básica de fazer pão a partir do esmagamento de cereais. Para obter a farinha para o pão, os povos antigos, como os israelitas, moíam grãos comestíveis em moinhos manuais,
Números 11:7, 8, fazendo rodar manualmente pedra sobre outra, em tarefa pesada e árdua. Com o tempo, as pedras mais pesadas, já conhecidas como mós, giradas por burro ou outro animal de carga, foram ganhando espaço e ficando populares, Mateus 18:6.
O homem já havia aprendido a aproveitar a energia hídrica com a azenha e a energia eólica com o barco à vela. Talvez na Ásia ou no Médio Oriente Médio, por volta do sétimo século era cristã, os dois mecanismos foram combinados para fazer com que o vento pudesse mover as pedras de um moinho. As velas dessa nova invenção, movidas pela força do vento, faziam girar um eixo vertical que ficava preso a uma mó que rodava sobre uma outra fixa. Esse tipo rudimentar de moinho de vento servia para moer trigo ou cevada, bem como para bombear água, acabando por provar que a necessidade é mesmo a mãe de quase todas invenções!

domingo, 26 de outubro de 2008

TELHADOS D'ÁGUA | UMA VISITA DO 6ºA DA ESCOLA MANUEL PERPÉTUA - PORTO DE MÓS


Surpreendeu-me o convite que me fizeram, e mais agora que nem ligação tenho ao Pelouro da Cultura deste Porto de Mós de tantos mimos. A Ana, que há muito conheço e que há muito aprendi a respeitar, convidou-me para uma festa. Para uma festa, repito por não haver engano. Visitar e falar das motivações que mexeram com os TELHADOS D' ÁGUA é para mim um prazer imenso. Louve-se a escola que põe na estrutura da sua aprendizagem - a escola também aprende - visitas desta natureza. É bom rever marcos das nossas memórias, encantos ainda vivos de um passado que nos devia orgulhar. Gostei do atino, do interesse e do cuidado que puseram nesta visita. Cá por mim, que nada disto mereci, estarei sempre pronto para novos desafios, de que mais tarde falarei por aqui, como por exemplo:

CASTELO DE BONECAS - AO RITMO DAS MÓS - TRAÇOS A CARVÃO - O SANGUE DA PEDRA - CAMPOS DE PÃO - NAS VELAS DO VENTO - VENTRES DE RENDA - MÃOS COM BARRO - CAMPOS DE GLÓRIA - NINHOS DE PEDRA - TESOUROS ESQUECIDOS

Gostava de vos convidar, alunos e professores, para co-autores deste 'Blog' de forma a torná-lo num espaço vosso, neste PORTO DE miMOS.
Obrigado rapaziada!

TELHADOS D'ÁGUA | PARQUE MANUEL BAPTISTA AMADO

A água é o componente que em maior quantidade existe neste nosso planeta azul, tem o volume estimado de 1,6458 mil milhões de kilómetros cúbicos (1,2649 de água salgada + 0,2912 de água doce congelada nas calotes polares + 0,0864 de água doce nos continentes e sob eles + 0,0013 de vapor de água na atmosfera). O nosso planeta é azul por isso mesmo.
A memória de Manuel Baptista Amado e um profundo respeito pela água, vital a todo o nosso sistema de vida, atirou-nos para uma intervenção neste parque naturista e profundamente ecológico, numa candidatura bem sucedida ao prograna comunitário LEADER II, sempre liderados por Nuno Santos na sua qualidade de Presidente da Junta de Freguesia da Mendiga. Juntou-se a este desafio a necessidade intimista de fazer deste parque um sítio de bem estar, não peopriamente um qualquer parque de merendas, mas antes um espaço arejado, educativo, onde todos, de uma forma livre pudessem divertir-se no maior respeito pela natureza. Foi uma aposta ganha. É uma aposta ganha, quase uma década depois ali esta o parque, educativo, limpo, arejado, convidativo.

sábado, 25 de outubro de 2008

TELHADOS D'ÁGUA | O PROCESSO

A água das chuvas é recolhida no lagedo dos Telhados de Água, uma pavimentação da encosta com grandes blocos de pedra da região, é canalizada para um canal onde nasce um primeiro filtro, cuja base está a cota superior em relação ao fundo da vala colectora, em alvenaria de tijolo, usando naturalmente os seus orifícios dos furos orientados no sentido do fluxo normal da água. Neste filtro ficam retidos os lixos sólidos e no fundo da vala se acumulam os resíduos de maior densidade, maioritariamente areias.
Passado o primeiro filtro, a água percorre um vasto filtro de areia, pedra e carbono activado e, sempre graviticamente, cai num grande depósito que a drena por outro filtro, para reservatórios mais pequenos, que comunicam entre si pelo normal sistema de vasos comunicantes. Aqui se controla a qualidade da água que, por vezes, necessita de normais aditivos minerais.
Deste último tanque a água é canalizada, por queda, para um fontenário.

TELHADOS D'ÁGUA | FILTROS DE AREIA E DE ANTRACITE

FILTRO DE AREIA

FILTRO CLÁSSIO DE INERTES AREIA E ANTRACITE
A filtração processa-se na passagem da água, recolhida no empedrado, pelo filtro superior, distribuindo-se uniformemente pelo manto filtrante no sentido descendente.
Os índices de filtração variam em função da área filtrante, do volume deágua chegada ao canal e, em alguns casos, ao tempo de contacto da água com o manto. Estes parâmetros que devem ser tomados com muita cautela para que o equipamento tenha um bom desempenho e para aumentar a durabilidade do material filtrante.
A velocidade de passagem muito alta da água pelo manto filtrante prejudica a filtração, fazendo com que partículas mais finas o atravessem, assim como uma velocidade multo baixa pode causar um abrir de "caminhos" preferenciais dentro do manto, tomando ineficaz a filtração.
O manto filtrante, seja ele qual for, fica apoiado dentro do filtro num fundo falso onde são montados difusores, que têm por função colectar e drenar a água já filtrada para baixo do fundo falso e ao mesmo tempo distribuir a água de lavagem do filtro.
Quando o filtro atinge seu ponto máximo de saturação devido às partículas retidas no manto filtrante, há a necessidade de fazer uma lavagem. Esta lavagem faz-se no sentido inverso ao da filtração, por isso no sentido ascendente.
Sabe-se que o filtro está saturado e portanto a necessitar de ser lavado, pela leitura visual da água armazenada.
A água de lavagem a ser utilizada deve ser limpa, já filtrada, sabendo que sua vazão deve ser andar entre as três e quatro vezes a normal drenagem de serviço, à uma pressão máxima de 1,0 Kgf/cm², sempre que o filtro seja só de areia ou areia e antracite no seu interior.
Ao penetrar no filtro na sua parte inferior, a água de lavagem atravessa o manto filtrante arrastando todas as impurezas retidas durante a fase de filtração.

FILTRO DE CARVÃO ACTIVO
1) Remove eficientemente quase todo o cloro livre da água, eliminando o sabor desagradável.
2) Absorve as possíveis substâncias oleosas ocasionadas.
3) Absorve os elementos corantes, que provocam o turvamento da água como ácidos e outras matérias corantes.
4) Remove os ozónios e os traços fenólicos, que provocam gosto fenólico, que transmitem à água gostos e odores desagradáveis.
A água de processo quando vem de um reservatório ou de uma estação de tratamento, contém, dentre outras impurezas, um excesso de cloro livre, que é adicionado na mesma como agente esterilizante. No entanto este cloro modifica o gosto da água, além de contaminar as resinas de troca iónica quando a água deve passar por um processo de desmineralização ou abrandamento. Para tanto deve-se remover, com um filtro de carvão activo, todo o cloro e materiais orgânicos contaminantes, para que se tenha uma água pura e inodora.

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO
A água passa por um tratamento adequado, filtração, e estar livre de matérias em suspensão, pois caso contrário, estas impurezas podem obstruir os poros do carvão activo, reduzindo a sua eficiência.
O filtro de carvão activo recebe a água em sua parte superior, onde a mesma se distribui pelo manto filtrante através de um deflector. Na parte inferior do filtro encontra-se um colector-distribuidor de água, que têm por finalidade de recolher a água já purificada e de a distribuir, bem como impedir a fuga do carvão activo ou mesmo de partículas pequenas.
O revestimento interno destes filtros é, por isso, muito importante, visto que o cloro residual existente na água e ao ser absorvido pelo carvão activo pode libertar ácido clorídrico, altamente prejudicial.

TEMPO DE SATURAÇÃO
O tempo de saturação do carvão activo depende da quantidade de substâncias contaminantes, ou seja, o teor de impurezas e cloro livre na água, que varia consoante as condições da água recolhida, nomeadamente nas captações das primeiras chuvas, que são mais ácidas e sujas. Para tanto, aconselha-se fazer um teste prático, para verificar o tempo exacto quando não se tem ideia do teor de contaminantes.
Normalmente para um tratamento de água neste processo o tempo de saturação varia desde seis meses a dois anos, conforme a quantidade de carvão activo utilizada no filtro, com a vazão diária de água.

CUIDADOS NECESSÁRIOS
A vazão de água é um factor de extrema importância. Muitas vezes ocorre que sendo mal dimensionado fluxo de água para o volume de carvão activo, com limites superiores ao correcto, faz com que a água passe entre o leito do absorvente e as paredes do filtro e, ao não entrar em contacto com o carvão activo, implica que o cloro e outras impurezas não sejam totalmente eliminados.
Quando a água requer um tratamento para a eliminação de componentes minerais feito através de resinas catiónicas e/ou abióticas, o carvão entra como um elemento importantíssimo na absorção de cloro e matérias orgânicas
Lembramos ainda que quanto mais próximo do pH neutro (7,0) estiver a água tanto mais eficiente se tornará o carvão. Para o cálculo dimensional do vaso, deve prever-se um espaço de no mínimo 50% do volume de carvão activo para a expansão do leito durante as lavagens.
É comum com o correr do uso o carvão activo ser contaminado por microrganismos que, por ventura, estejam presentes na água a tratar. Assim sendo, a maneira ideal de 'regenerar' o carvão é através de uma simples injecção de vapor.

TELHADOS D'ÁGUA | A ÁGUA


A água que nasce, no meio da mata num pequeno fio que borbulha em gotas. Surge do chão à procura da imensidão. Escorre da serra, altaneira, no silêncio da noite, na escuridão, do útero da terra mãe natureza. Este filho despeja um pingo nascido: infância de rios, de ribeiras e de lagos. E correm para os mares, arrastando lembranças, guardando segredos de amores perfeitos, de amores desfeitos, de amores em vão. Histórias recolhidas em todos os cantos, da aldeia mais pobre à mais poderosa cidade, deixando saudades nas ondas dos rios, na beira dos mares. Pessoas, lugares, conversas trocadas, conversas fiadas das mais variadas, a vida... enfim, tão natural. Em cima da terra, das folhas caídas, fugindo das pedras, trilhando o seu curso, deixando impressões de tantas visões, num transbordo de afectos. Espelhos de águas que reflectem rostos, nem todos narcisos. E os cursos divergem, convergem, no real, no irreal, cativantes, confidentes, sinuosos, aparentes, nas águas correntes deste reino animal.

E ali, selvagem, no mato, a menina nua no banho, despida em pensamento. A água é vermelha, o sangue é fervente que lhe escorre nas veias... Gotas de amor proibido, libertadas sem sentido, turvam essa água escondida. São pingos de gente onde a vida acontece. No ventre da moça, a água renasce, a água cresce e explode em riachos de vida, conquistando o mundo. São águas vadias que procuram mares. Assim é a vida, assim são as águas. Por aqui caminham rios e mares, entre amores e dissabores. Águas doces em busca de peitos abertos, arrastando galhos e flores, de temores, de alegrias e ... A vida ali começa e ali termina. Solitária, mas de muitas cores, de muitos sabores, de muitos caminhos.