Um dia de trabalho no moinho começa pela preparação do cereal seguindo-se vários passos tais como: soltar as velas abrindo o pano em função da intensidade do vento, aliviar a mó, orientar o moinho para o vento com a rotação do sarilho, encher de cereal o tegão que, através da rotação faz vibrar o cadelo, que por sua vez leva os grãos a deslizar do tegão para a mó. Esta faz o seu esmagamento entre as ranhuras das mós, obrigando a farinha a sair por um único espaço, a tal dedicado.
Sobre a mó que gira, a andadeira, situa-se uma caixa de dimensões médias, com o fundo em forma de tronco de pirâmide invertida e aberta, a moega ou tegão, onde se deita o grão que vai ser moído. O grão corre da moega até ao olho da andadeira, por onde cai de uma calha de madeira inclinada, a quelha. O regulador da quelha gradua a inclinação desta. O chamadouro do grão, apoiado sobre a mó, faz vibrar a quelha, provocando e assegurando a saída e a queda contínua do grão no olho da mó, como se pode ver na fotografia acima do Moinho de S. Miguel.
As duas mós, andadeira e poiso, são rodeadas por taipais de ripas, os cambeiros, abertos à frente, por onde vai saindo a farinha que cai para um espaço do sobrado, o tremonhado, protegido lateralmente por aproteções de madeira e à frente por um pano, o panal. A mó andadeira é accionada pela rotação do veio de ferro ligado e preso a ela por meio de uma peça achatada e forte, também de ferro, a segurelha, que encaixa num rasgo cavado à sua feição no centro da face inferior da mó e que segue para baixo, passando pelo olho do poiso através de uma bucha de madeira. O veio da mó, que tem na parte inferior o carreto, termina também numa rela, chumaceira metálica com óleo para lubrificar e arrefecer, cravada numa trave móvel de madeira, o urreiro, apoiada num cachorro de um lado e do outro numa haste de ferro, o aliviadouro, que sobe ao sobrado, ao lado das mós. Regulando o aliviadouro, por meio de um parafuso ele sobe ou desce e com ele o urreiro, a rela e o veio da mó, gradua a distância entre as duas mós e a maior ou menor finura da farinação. O paralelismo das duas mós, indispensável ao seu bom funcionamento, obtém-se essencialmente por calços que se colocam entre a segurelha e o cavado da mó em que ela encaixa.
Para voltar ao vento o mastro e o velame estes moinhos dispõem de um sarilho cujo eixo é accionado por quatro braços em cruz. A corda, amarrada por uma das extremidades a um destes braços com a gassa, enrola ao eixo do sarilho e passa por duas corretãs com gancho, os moitões, uma das quais, munida de um dispositivo onde se fixa a outra extremidade da corda, prende a um dos arganéis da parede, enquanto que a outra se prende num dos arganéis do fechal de madeira. Dando ao sarilho, a corda encurta ao enrolar no eixo, deixando o capelo e velas na posição conveniente.