A água das chuvas é recolhida no lagedo dos Telhados de Água, uma pavimentação da encosta com grandes blocos de pedra da região, é canalizada para um canal onde nasce um primeiro filtro, cuja base está a cota superior em relação ao fundo da vala colectora, em alvenaria de tijolo, usando naturalmente os seus orifícios dos furos orientados no sentido do fluxo normal da água. Neste filtro ficam retidos os lixos sólidos e no fundo da vala se acumulam os resíduos de maior densidade, maioritariamente areias. Passado o primeiro filtro, a água percorre um vasto filtro de areia, pedra e carbono activado e, sempre graviticamente, cai num grande depósito que a drena por outro filtro, para reservatórios mais pequenos, que comunicam entre si pelo normal sistema de vasos comunicantes. Aqui se controla a qualidade da água que, por vezes, necessita de normais aditivos minerais. Deste último tanque a água é canalizada, por queda, para um fontenário.
A minha vida tem sido uma enorme cavalgada.
Pertenço à geração do automóvel, do avião, da televisão, do Woodstock, dos Beatles, do Maio de sessenta e oito, do vinte cinco de Abril, da ida à Lua e da Doly.
Vivi já sob dois regimes políticos. Sei o que é a repressão e a liberda-de. Vi gorilas. Vi cair o muro de Berlim. Fui procurado pela PIDE e, muito jovem, votei nas primeiras eleições democráticas do meu país.
Tenho pouco mais de cinquenta anos, um bonito e saudável casal de filhos, publiquei três livros e plantei várias árvores. Vou sendo capaz, ainda, de sujar as mãos em tintas à procura de um pintor e de queimar as pestanas em letras na busca de um escritor.
Andei descalço, mas já visitei meio mundo.
Adoro o mar e tenho a sorte de viver perto dele. Vi e gosto de abismos, de torrentes e de desertos.
Sou da era dos computadores, da internet, da aldeia global e do euro.
Vivi a viragem de um milénio... E só haverá outro daqui a mil anos...
Que sorte a minha!
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